quinta-feira, maio 26, 2005

Novas margens

Dos meus olhos partidos nasce musgo.
Chovo. Sou humida por fora. Quase sempre.
Tenho bolhas azuis e vermelhas
a preencher o espaco oco da minha voz.
Das maos furadas, prestes a abrir
flutuam forcas agudas.
Cubro-me de invisibilidade
e parto para so mais uma vez,
derreter-me em sinfonias gastas.
Desejo o unissono das minhas melancolias.
Enfeito-me de letras, rodopio
e amorroto os dedos dos pes.
Cerro-me de desejos tao mais doces
que a minha boca insipida.
Lambo a pele pegajosa, melosa
das minhas notas ate ferir a lingua
com tons mesclados.
Meto a minha vida a um canto,
de castigo.
Vou fazer-me crescer ao som sublunar
das minhas novas margens.
No meu corpo letrado brota voracidade.
Expelo de mim movimentos, fantasias,
essencias, portas de moldar.
Sou voluvel.
Aspiro segredos derrotados, derramados
em pocas de fumo que cuspo para o ar.
Mando-me para cima do meu ser inventivo.
Nada no meu voo caido. Voei. Caí.
De um lado. De outro.
Harmonisei-me.
Escolhi nao ser simetrica.
So.
Simplesmente.
Completamente.


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11 comentários:

Dinamene disse...

Desculpa, não tinha visto e vou ver.

sereno disse...

`e saudade...
e nostalgia...
sei la.
`e tanta coisa.

Dinamene disse...

Sacrifício ou oferta em insondável vida! Inclina tua face.
Boa noite, bj.

Dinamene disse...

Como vês, um poema em forma de botão! Para dizer o mundo que ali encerra!

Dinamene disse...

não sei ser musgo, sereno, mas com a tua chuva, talvez miudinha, possamos sair do manto de invisibilidade.

sereno disse...

sim talvez.
quem sabe...

isabel mendes ferreira disse...

...sim talvez quem saberá?

sereno disse...

pois nao sei ...
estou confusa.

Dinamene disse...

Olá, Sereno, boa noite, menina saudosa, nostálgica. Não temos novidades hoje?

Dinamene disse...

Psiu! Está a espraiar o olhar pelas palavras da praia, na praia... não interromper. em serviço poético.

Unknown disse...

Desejaste ser um pássaro. Estes também caem. Mas como não partiste nenhuma asa, porque foste amparada pelo mar, voltaste a voar graciosamente. Sobre um mar cujas margens são cada vez mais penetrantes terra acima. A simetria pura é cada vez mais o espaço da demência. Só funciona bem nas funções matemáticas bem comportadas. E para um bom observador, tudo deve ser harmonizado. Optaste bem. Simplesmente como as margens de um braço de rio.
Beijaumm grandeeeeeeee
Kraak/Peixinho aka Sometimes We Fall