sexta-feira, abril 29, 2005

Das-me vontades

Sou tao comprida que nao acabo.
Ca dentro ha tanto e no entanto,
pouco se passa.
Acordo-me.
Deito-me.
As vezes durmo.
No meu comprimento nao cabem sonhos,
sou estreita.
Na minha aparente calmaria, as coisas crescem devagar.
Sou como uma rua empoeirada,vazia
sei la, uma tarde mal passada.
Inacabada.
Tocas-me.
Nao sinto. Nao te sinto.
A tua mao em mim
nao `e fria,
nao `e quente.
Apenas existe.
Como te quero sentir...
Se sair daqui a tempo de te procurar,
vou-te provar.
Isso, das-me vontades!

quarta-feira, abril 27, 2005

Sem cor

Tornei-me num espaco em branco.
Insignificante.
Esqueco-me que existo, sou mesmo decepcionante.
Destruo o nada.
Que absurdo.
Sinto-me ilogica, lenta, rasa, disforme.
Passas perto. Ao lado. Por cima. Por baixo.
Nunca dentro de mim.
Nem me sentes.
Sou o transparente invisivel sem cor.
Nao me queres realcar?
Existo.
Neste sitio incolor em que me torno minima, existo.
Ca morro para nao viver.
A musica `e oca e as minhas maos sao frias.
Nao ha brilho e o branco `e sujo.
Quero sair deste lugar sem cheiro.
Janelas.Janelas.Janelas.
So consigo alcancar janelas.
A minha espera se sair,
estas tu e um recado e um segredo e o meu medo
de ouvir em tom de musica
"Benvinda a um Mundo que nao `e o teu."

Tempos verbais

Passei toda a minha vida a olhar para o futuro.
De tanto o desejar, desejei o eterno.Morrer no infinito.
Mas o infinito nao se conjuga.So tem presente.
Nos tempos dos verbos, do futuro so ha o imperfeito.
Agora do passado ate ha o mais-que-perfeito. Ha o perfeito, e por vergonha o imperfeito.
Todos queremos um passado mais-que-perfeito.
Poucos querem o futuro porque sabem que `e imperfeito.
Porque o passado nao foi perfeito e do futuro so ha o imperfeito, diz-se:
" Vive o dia-a-dia."

Prof.F.Carvalho Rodrigues

Acho que vou comecar a fazer isso...viver o dia-a-dia...mas ja sei como sou...depressa canso-me...!

( tenho mesmo um problema com as reticencias ... )

terça-feira, abril 26, 2005

Nasci com uma mao por cima da minha cabeca

Nasci com uma mao por cima da minha cabeca.
Nao me toca.
Juro que a sinto.
Leva-me por caminhos que sao fora de mim,
fora daqui.
Eu, que so queria ver como `e ca dentro,
dentro de mim.
Projecta-me constantemente,
tenho medo.
Sou marioneta no palco do coracao de alguem.
Quero ser so eu,
quero ser so uma.
As folhas das arvores voltam sempre a mim.
A chuva passa sempre por aqui.
O amor pergunta sempre por ti.
Nao tenho tempo.Nao tenho espaco.
Todos os dias decoro um texto
para a minha estreia pessoal.

segunda-feira, abril 25, 2005

"conto estrelas em ti"

-Nao estejas na lua, desce `a Terra!

-Nao me chega esta Terra.

-Se realista, terra `a terra!

-Mas eu sou do tipo ar, ar.

despediu-se da colega e disse:
"conto estrelas em ti"

Na sala, um silencio ficou suspenso por palavras que tambem quiseram voar.(Teresa Guedes)

As minhas palavras tambem sabem voar...(coisa estranha!).
As vezes nem as consigo apanhar!
Talvez tenha de aprender a deixa-las ir, para poderem voltar...!

domingo, abril 24, 2005

Sentes?

Ficou de noite e nao apareceste.
Tambem nao me mexi.
Deixei-me sossegada
entre o cobertor e as lembrancas.
O cha gelou em cima da mesa,
como a minha pele.
Aqueceste-me e agora deixas-me arrefecer.
O cadeeiro ilumina o meu cansaco,
desapontadamente fecho os olhos `a cor amarelada
que se tornou a minha vida.
Paro-me no tempo e presto atencao.
Mas nada. Nao ha sons.
Nao ha nada.
Torno-me infeliz, sentes?
Aqui so ha o cha,
o cobertor,
o candeeiro,
as lembrancas.
Apago-me.
A sala fica muda,
eu fico surda
porque
ficou de noite e nao apareceste.

sexta-feira, abril 22, 2005

Ritual

...Até que tudo parou,
tudo!
Mesmo as águas que bailam
a dança monótona
que é a vida,
a dança que por vezes é proibida.
Será que não se pode viver,
será que não se pode morrer
sem que alguém sofra?
Recomeça a vida
a monotonia
...até que tudo parou...


quinta-feira, abril 21, 2005

fazes sentido no meu sistema solar

Es poeira estranhamente limpa
que respiro, sem dar conta
expandes-te ca dentro...
perto do meu ser nefelibata.
O sol que bate na janela do meu corpo
es tu. Sempre tu.
Teimas em fazer parte
de qualquer coisa insignificante,
envolvente, mentirosa...
Sempre te considerei um voador,
um descobridor de sonhos.
E aqui nada ves, pouco descobres.
Insistes em voltar
cada dia mais cedo.
Invulgarmente, nao me fecho
`as tuas aglomeracoes fogosas
E... esquisito...
vais fazendo sentido no
meu sistema solar.

quarta-feira, abril 20, 2005


 Posted by Hello

sou um astro relativamente pequeno

A minha mao em mim
sente-se tao pouco...
tem medo de percorrer a pele,
do frio que se solta em cada suspiro,
em cada poro,
do vento que sobe e que desce
das tempestades dos meus olhos...
A minha mao em ti
sente-se tanto...
O quente que deitas para o ar,
a musica que expiras
cada gesto, movimento, pensamento...
Particulas insipidas, insignificantes
sinto-as como se fossem minhas,
como se fosses meu...
E eu estou no ca no alto.
Tu chamas e gritas e choras.
Dancas e choras e amuas.
Sentas-te e ajoelhas-te no chao
e eu nao me importo, nao olho.
Queres saber como me sentes,
ao que te saibo...
Tocar na minha luz
Enrolares-te nos meus raios
Brilhar como eu... comigo...
E eu sou so eu.
E eu sou mais eu.
Eu sou um astro relativamente pequeno...
Desculpa.