terça-feira, junho 14, 2005

O teu talvez

De todas as palavras que me disseste, so o "talvez" ficou em eco bem no meio, bem ca dentro, bem em mim.
Parece que me anestesias com esse teu falar pre fabricado, pre estudado.
Pensas que `e facil ter um mapa dentro do corpo? Nem sei quantos becos ja assinalei.
Cada toque teu `e um corredor cheio de portas.
Julgas que nao te sinto? Nunca foste discreto.
Nao me facas engolir baldes de areia molhada, eles acomulam-se e eu nao me sei filtrar.
Nao me dizias que era feita de flores e tinha cheiro de canela e sabor de acucar amarelo e olhos de india? Eu acreditava, imagina. Apesar de nada me sair da pele, sentia um aroma a especiarias sempre que me derretia ao sol.
E o vento onde esta? Onde esta o tufao que trazias debaixo do braco como complemento indespensavel `a noite que carregas em ti?
Perdeste. Esqueceste. Roubaram.
E querias tomar conta dos meus sonhos? Nem da tua metereologia mediocre sabes cuidar.
A moldura que antes te enquadrava nas correntes do meu mundo fica-te larga, fica-te escura. Deixaste-te expandir para dentro.
Estas entalado entre a lingua e o ceu da boca.
Estas contra um ceu que decerteza `e uma mistura de cores. Devia ter desconfiado quando pintaste o meu de cor invisivel.
Sabes que colorir de olhos vendados nao ensina o caminho para o prazer de nao ir a lado nenhum, o caminho de ser diferente? Sabes.Nem te importas.
Estas destoado e nem reparas que a cada pegada uma mancha de tinta se descola.
Um dia trocaste os sentidos de todos os relogios que existiam dentro da minha cabeca. Que prazer `e esse em me ver desorientada?
Es doentio. Es viciante. Es languido.
Ficava a ouvir-te tocar cora. Claro que nao sentias, mas acreditas que tinhas luzes a cair-te em cima dos ombros nus? Eu sei que nao. Nunca acreditaste no poder da luz. Nunca acreditaste no poder de nada. Nem sei como te perdeste no fim daquela chuva de meteoritos.
Nao me dizes, mas estas com medo. Eu sinto. Eu sinto-te.
De todas as minhas camas, foste a mais longa, mais estreita, mais fria, mais vazia.
Mas tinhas cor...muita cor.
Vou beber cha de caramelo e cuspir fogo.
E o teu "talvez" ainda ecoa bem no meio, bem ca dentro, bem em mim.

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5 comentários:

Dinamene disse...

Bonito! Hm, hm!
Beijo.

Unknown disse...

Hum... I'm back! Tenho ke ler isto tudo.
Beijaum grandeeeeeeee

Alexandre disse...

Era um céu de fogo - a imagem era gasta, batida, mas era a que lhe vinha à cabeça sempre que levantava os olhos da estrada e observava o mar, ao longe, à esquerda, por entre as rochas e as penedias - era um céu de fogo e um mar de cinzas e uma estrada à beira-mar e ele nela, na estrada, e ela longe, muito longe, mas sempre adiante, sempre nela, na estrada, no pedal do acelerador, à esquina de cada curva, era ela em cada encontrão rápido nos quilómetros que o carro engolia debaixo de si, nervoso, suicida, na estrada, em direcção ao céu, ao mar, ao fogo.

Era a estrada, era o mar, era o céu de fogo, era o carro na vertigem da velocidade, era a curva, a curva, a trajectória no céu, no mar, no fogo, o fogo no mar, o mar era um céu de fogo.

Humor Negro disse...

Gostei imenso do conceito do blog :-)
Parabéns, gosto das tuas letrinhas.

Dinamene disse...

Percorri o corredor e não te encontrei.